Sarcopenia
Entenda a Sarcopenia
Sarcopenia é a perda progressiva de massa e força muscular, necessário combinar estes dois critérios para o diagnóstico. A sarcopenia é muito comum em idosos, mas também pode afetar pessoas em estados críticos de saúde. Essa condição prejudica a mobilidade, aumenta o risco de quedas e impacta negativamente na qualidade de vida. Identificar e tratar precocemente a sarcopenia é crucial para garantir uma melhor recuperação e independência dos pacientes.
A prevalência da baixa massa muscular pode variar de 20% a 70% dos pacientes no momento da admissão na UTI. A redução da massa muscular principalmente do quadríceps pode ocorrer em 10 dias após a internação na UTI.
Notavelmente, esta baixa muscularidade pode perpetuar por meses até anos após desospitalização da UTI.
A atrofia muscular que o paciente grave experimenta (por múltiplas causas, está associada à pior mortalidade, aumento do tempo de internação na UTI e hospitalar.
Além disso, a redução muscular, que o paciente grave experimenta na fase aguda, pode provocar alteração da força o que impacta na funcionalidade que pode perdurar por vários anos após a alta da UTI. Este déficit funcional instalado impacta diretamente na qualidade de vida bem como nas atividades simples que anteriormente eram desempenhadas pelo paciente.
A causa da redução da muscularidade na UTI é multifatorial. Destacam-se o tempo prolongado no leito, a intensidade da resposta catabólica (incluindo a inflamação e resistência à insulina), a inadequação proteico-calórica bem como uso de corticosteroides. Por outro lado, a qualidade da musculatura pode estar comprometida durante a internação na UTI. A perda da qualidade muscular pode ser evidenciada pela infiltração de gordura no músculo esquelético, o que prejudica a glicose muscular e o metabolismo de gordura.
O comprometimento da arquitetura muscular, incluindo ângulo de penação, ecogenicidade podem desencadear alteração de força e função muscular durante a fase aguda na UTI Desta forma, o desenvolvimento de programas que abordam tanto a reabilitação motora quanto nutricionais são fundamentais para o tratamento da perda de massa magra em pacientes graves.
Em geral, é de fato um desafio mensurar a quantidade de massa magra e a força de pacientes críticos. A anasarca, muitas vezes comum no paciente grave pode prejudicar a interpretação dos resultados na composição corporal. Quanto a avaliação da força é necessário um mínimo de colaboração para aplicar testes funcionais ou tradicionalmente a preensão palmar.
A despeito das limitações descritas os aparelhos mais utilizados habitualmente em estudos de UTI são: bioimpedância elétrica (BIA) particularmente aquelas que possuem ângulo de fase, tomografia computadorizada (TC) com corte de L3 e ultrassom (US) de quadríceps. Outra estratégia é utilizar o MRC (Medical Research Council) escala para discriminar pacientes com fraqueza adquirida na UTI, que em última análise quando a escala está alterada presume-se que o paciente perdeu massa muscular. Os valores de corte que estratificam alteração de força avaliada pelo dinamômetro para mulheres e homens são: menores do que 16 Kg e 27 Kg para pacientes de enfermaria e 7 Kg e 11 Kg para pacientes de UTI, respectivamente. Puthucheary et al.; demonstraram (através do ultrassom de quadríceps), que é possível mensurar a perda muscular em pacientes graves. Os resultados desse estudo apontam perda muscular rápida e precoce principalmente na primeira semana de internação na UTI e mais intensa entre aqueles com múltiplas disfunções de órgãos quando comparados àqueles com disfunção de um único órgão. Um resultado semelhante também foi encontrado em um estudo brasileiro com pacientes graves em ventilação mecânica (VM).
Este estudo demonstrou que pacientes que perdiam mais espessura de quadríceps, avaliados pelo US, permaneciam mais tempo em VM.13 Um outro estudo avaliou 240 pacientes somente em ventilação mecânica, que possuíam TC por algum motivo na admissão da UTI. Os pacientes com baixa massa muscular avaliados pelo corte de L3 da tomografia, possuíam maior risco para mortalidade independente do sexo e escore APACHE (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation).
De maneira pragmática, pacientes colaborativos recomenda-se utilizar testes funcionais, MRC, podendo confirmar com exames de imagens e para aqueles pacientes com prejuízo cognitivo (sedação, delirium e etc) lançar mão do US, TC com corte L3 e avaliação do ângulo de fase através da BIA.
Prevenção
A prevenção da sarcopenia envolve uma abordagem multidisciplinar, focada em exercícios de resistência, ingestão adequada de proteínas, e suplementação nutricional quando necessário. A prática regular de exercícios físicos e o controle de doenças crônicas também são essenciais para preservar a massa muscular e a função física.
Tratamento
O tratamento da sarcopenia inclui a combinação de exercícios físicos, como a exercícios, com uma dieta rica em proteínas. Em casos mais graves, a suplementação de nutrientes como creatina, vitamina D e ômega-3 pode ser necessária.
Sobre a campanha
A AMIB compreendeu que era necessário tomar uma atitude, o que levou à criação da campanha sobre sarcopenia, desde a prevenção até a reabilitação. O objetivo dessa campanha é conscientizar tanto os profissionais de UTI quanto a população sobre os desfechos negativos associados à perda acentuada de massa muscular durante a internação em UTI, ou àqueles que já ingressam com baixa musculatura.
A ideia da campanha é sistematizar o diagnóstico, manejo e tratamento da sarcopenia, desde a admissão até a alta da UTI. Ela foi desenvolvida com base em métodos inclusivos, visando à aplicabilidade em UTIs de todo o Brasil. A campanha destaca a importância de uma gestão multimodal que integre todas as estratégias, além de alertar todos os profissionais envolvidos no cuidado de pacientes críticos.
A campanha utiliza um método mnemônico com a palavra "SARCOPENIA", onde cada letra representa uma intervenção específica.
S
SCREENING – SARC-F
A
AVALIAR FORÇA
R
REALIZAR AVALIAÇÃO DA MASSA MUSCULAR
C
CHECAR FATORES DE RISCO
O
OTIMIZAÇÃO HIDRO-ELETROLITICA
P
PROTEÍNA
E
EXERCÍCIO
N
NUTRIENTES ESPECÍFICOS
I
INVESTIGAÇÃO PRECOCE DA DISFAGIA
A
ASSEGURAR A CONTINUAÇÃO DO CUIDADO